A palavra ‘flush’, que descreve uma época de colheita, parece ser exclusiva do chá. Uma das melhores definições para isso é: a quantidade de crescimento da planta feita entre dois estados de dormência é conhecida como Flush. Hoje, o termo ‘flush’ é usado para indicar o momento da colheita, o que implica uma certa qualidade do chá.
A Índia apresenta cerca de 6 estações ao longo do ano. As principais são: primavera, verão, monções, outono e inverno. As estações variam em todo o país. Entretanto, para facilitar a compreensão, a primavera geralmente é por volta de março. No norte da Índia, o festival “Holi”, o qual se comemora a chegada da primavera, é em final de fevereiro ou março. O verão é de abril a maio na maior parte do país, com junho marcando a chegada das monções. Contudo, em partes do norte e noroeste da Índia, o verão pode ocorrer até julho. A estação das monções é longa, com duração de 3-4 meses, seguida por uma estação pós-monção. O inverno, novamente, varia em todo o país, entre novembro / dezembro e fevereiro / março.
Cada flush corresponde a uma temporada:
1- O primeiro “flush” é a primeira safra do ano, que acontece entre março e abril. No norte da Índia, os jardins de chá não colhem no inverno. O Tea Board anuncia as datas da última colheita (geralmente dezembro) e as datas para retomar a colheita (em algum momento de março). Como os arbustos permaneceram dormentes durante todo o inverno, as folhas colhidas nessa primeira colheita, são de maior qualidade e especialmente procuradas. São as folhas mais jovens produzindo chás com maior frescor, mais saborosos, o que chama a atenção de muitos conhecedores. Em Darjeeling, o primeiro “flush é responsável por 20% da produção anual total da região. Em Assam, esta temporada é bastante curta e o chás são mais leves, menos encorpados do que os do segundo flush. As colinas de Kangra também produzem chás muito bons nesta época do ano.
2- O segundo “flush” pode ocorrer no início de maio, mas geralmente é no final de maio até junho. Antes do início desta temporada, as regiões de chá desfrutam de algumas chuvas, o que também impacta na qualidade do chá. A quantidade certa de chuva promete uma boa temporada. Entre o primeiro e o segundo flush, há também um período conhecido na Índia como banjhi, que é o período de dormência, quando o arbusto do chá não solta nenhuma folha. O período de descanso entre os “flushes” é importante para ajudar a regeneração do arbusto do chá e para garantir que a saúde do solo também seja mantida. Em Darjeeling, esta temporada também contribui com cerca de 20% da produção total anual. É a produção do chá preto moscatel. Neste momento, os sabores são extraordinariamente frutados. Já em Assam, esta é a colheita mais privilegiada, a principal estação, que produz chás maltados, intensos e aromáticos.
3- O terceiro “flush” é o período das monções ou das chuvas. Muitas vezes, é considerado o menos preferido, embora seja a mais longa temporada de colheita. Em Darjeeling, o “flush” de chuva representa cerca de 50% da produção total. Mesmo em Assam, cerca de um terço da produção anual vem desta temporada. Por não ser a escolha favorita de um conhecedor, esses chás costumam ser para as misturas. Os chás Darjeeling de terceiro “flush” , às vezes são também tostados, o que os torna levemente defumados.
4- O próximo flush do ano é o período curto de outono. Enquanto esta temporada não era considerada uma estação especial, alguns dos jardins de chá de Darjeeling começaram a fazer chás excepcionalmente bons com esta colheita. Os sabores são mais suaves e amadeirados e ganham adeptos entre os amantes do chá. Muitos experimentos estão ocorrendo nos estilos de oxidação do chá desta estação.
5- O flush de inverno é observado nos Nilgiris, no sul, o qual não é fechado para a colheita. Ela ocorre o ano todo. Curiosamente, o inverno em Nilgiris produz um chá maravilhoso chamado “Frost Tea”. Como a temperatura noturna cai muito (5-7 C) e a temperatura diurna aumenta (23-24 C), esta diferença cria uma condição ideal para o chá. As folhas são arrancadas cedo e secas com ar frio e seco. As folhas são ligeiramente machucadas, enroladas suavemente e oxidadas a baixas temperaturas. O resultado é um chá preto aromático, floral, com leve dulçor e que ocupa uma posição elevada entre os chás produzidos na Índia.
Recomendações: Veja em nosso site Chás pretos Darjeeling First Flushes, chá preto Assam s.f. BOP e Koilamari e Frost tea Parkside.
Tradução livre: Elizeth R.S.v.d.Vorst