Quando Papai Noel chegou montado em um elefante – “Efeitos colaterais” –

Natal das crianças no Clube Anamallai, em 1985.

A história de Natal que Ravindran conta em seu livro, juntamente com a escritora Saaz, é realmente muito divertida e como ele próprio diz, de fato, um elefante deixou sua marca naquela festa.

“Foi um ano em que nossos filhos ainda eram jovens e decidi que, para a festa de Natal das crianças, seria uma ideia brilhante chegar vestido de Papai Noel e montado em um elefante. Que emoção seria!

Havia elefantes domesticados trabalhando em um acampamento de madeira nas proximidades do bangalo onde iria ocorrer a festa de Natal. Então pedimos para que trouxessem um elefante de lá. Acompanhado de seu mahout e um ajudante, ele chegou até o gerente do grupo, onde eu e meus amigos aguardávamos.

Um dos pré-requisitos para personalizar o Papai Noel, é que é preciso estar suficientemente embriagado, a fim de permanecer de bom humor durante a provação de ser amarrado com almofadas, ser ajudado a colocar o traje, o boné e a barba.

De fato, é uma tradição oficial  entre os plantadores de chá do Sul da Índia, de que uma garrafa de rum é obrigatória nestas ocasiões. Se puder ser esvaziada no início do processo, tanto melhor.

Finalmente, eu, vestido como Papai Noel, agarrado a um saco cheio de presentes, dirigi-me ao local perto do clube, onde o elefante me aguardava. O mahout fez o elefante se ajoelhar e fui empurrado para cima, em uma posição onde eu pudesse subir em suas costas e permanecer sentado.

O ajudante colocou uma corda em minhas mãos e, enrolando a outra ponta em torno do pescoço, acenou-me para sentar no dorso do elefante para que ele pudesse dobrar meus pés também na corda. Então, ele deu um tapinha nas costas do elefante, que lenta e pesadamente se levantou. Eu senti a terra movendo-se embaixo de mim. Foi uma sensação estranha de insegurança, com todas as quatro patas do elefante em movimento. Tudo debaixo de mim parecia estar tremendo! E- por que ninguém havia me dito antes, que as cerdas das costas do elefante eram tão afiadas?

O autor sentado no elefante

Eu estava sendo sacudido para cima e para baixo, esquivando-me das cócegas que as cerdas, generosamente, estavam escovando minhas partes íntimas. E o final da minha vértebra estava rangendo dolorosamente contra a coluna vertebral do elefante.

Insensível ao meu sofrimento, o elefante marchava resolutamente, mal passando por baixo dos galhos pendurados das árvores coníferas ao longo da estrada estreita.

Meu pesado acolchoamento de Papai Noel, me impedia de me curvar para evitar os galhos acima da cabeça e comecei a escorregar pelo lado do elefante.

Os mahouts pareciam não perceber que algo estava errado. O que somente faziam eram parar em intervalos para me apoiar na posição vertical.

Quando o “Papai Noel” chegou finalmente ao clube, após o Passeio de sua vida, ele estava pendurado quase no estomago do paquiderme.

A multidão que aguardava estava em gargalhadas e os mahouts tiveram dificuldade em resgatar o Papai Noel, agora, praticamente em total agonia.

Anos depois, em safaris no Quênia e em Kaziranga, quando sentei-me em um banco nas costas de um elefante, me lembrei da glória temerária de meus tempos de jovem, quando cavalguei sem sela em um elefante e sobrevivi para contar a história!”

Tradução livre de Elizeth R.S.v.d.Vorst

Todos os direitos reservados aos autores.

Um trecho do livro”An Elephant Kissed My Window” por M. Ravindran e Saaz Aggarwal

© Saaz Aggarwal

 

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