Ao longo das fronteiras ocidentais do subcontinente indiano , encontra-se a famosa cordilheira “Gates Ocidentais”. Essas colinas já foram o lar de pastagens e belas florestas tropicais de montanha. Uma parte desses Gates são os Nilgiris ou “Montanhas Azuis”.
Os Badagas, Kotas, Kurumbas são comunidades que vivem ali há muito tempo, fazendo parte de um largo ecossistema, ou seja, são comunidades que aprenderam a viver com a terra, seja no trabalho que fazem – agricultura, ferro, coleta de mel etc. não conflitando com a natureza.
As colinas Nilgiri foram refúgio para os britânicos, quando viviam na Índia, para fugir do calor tropical. Já no sul, as colinas eram adequadas para um sanatório britânico.
Os britânicos também introduziram várias espécies não nativas como o eucalipto(famoso por sua natureza sugadora de água), acácia, cinchona e, lógico, chá. Na década de 1850, W.G. McIvor, a quem se credita a criação do Jardim Botânico de Ooty, escreveu ao superintendente de Madras e pediu que 500 condenados fossem enviados para Nadu Vattam, um vilarejo nas redondezas. Ele queria mão de obra para sua plantação de cinchona, que era cultivada para quinina, um antídoto para a malária.
Após a guerra do ópio entre a Grã-Bretanha e a China, havia prisioneiros de guerra chineses na Índia, vindos de Cingapura, Penang, Dinding e Malaca. As prisões da cidade de Madras estavam lotadas e o pedido de McIvor era oportuno. O superintendente em Madras enviou então 556 prisioneiros de guerra para essas colinas. Junto com a cinchona, também trabalhavam na plantação de chá, a qual estava apenas começando.
Graças aos esforços de um plantador, Henry Mann, os Nilgiris se tornaram uma região de cultivo de chá. Ele conseguiu as sementes dos arbustos chineses através do botânico escocês Robert Fortune e plantou em seu jardim de chá Coonoor. Fundada em 1854, foi a primeira plantação de chá nestas colinas. Em 1859, foi criado o jardim Thiashola com os prisioneiros chineses cuidando dele. Alíás, até hoje, este jardim de chá,continua a produzir um bom chá ortodoxo. O jardim de chá Dunsandle, agora de propriedade da Bombay Burmah Trading Company, também surgiu na mesma época.
Na virada do século, 3.000 acres nos Nilgiris estavam sob cultivo de chá, com feedback favorável de corretores em Londres. H.F.C. Cleghorn, conservador de florestas para a presidência de Madras, pediu então que os mestres do chá fossem enviados aos Nilgiris. Depois disso, em 1864, dois mestres do chá chineses chegaram aos Nilgiris.
No século 20, o status do chá Nilgiri foi consolidado. Seus florescentes arbustos “chinary”, crescendo a 6.000 pés de altitude, produziam um chá premium que tinha seguidores no mercado. Entretanto, na década de 1980, depois que a antiga União Soviética se tornou um mercado significativo, os Nilgiris se converteram em uma região de produção de chá em grande parte CTC, estimulado por incentivos governamentais.
Hoje, os Nilgiris contêm um capítulo valioso na história do chá da Índia. É uma importante região produtora de chá, com altitudes superiores a Darjeeling. Possui legados antigos, bangalôs da era colonial, jardins de chá históricos ao lado de comunidades tribais, cujo modo de vida também está mudando.
Edição e Tradução livre : Elizeth R.S. v.d. Vorst