Existem dois tipos de locais de cultivo de chá na Índia – aqueles que surgiram por causa da British East India Company e aqueles que estão se voltando para o cultivo de chá hoje, ou áreas de cultivo de chá “tradicionais” e “não tradicionais” no jargão da indústria.
Acredito que, o que diferencia as regiões de chá da Índia de outros países é a diversidade de cada região, desde a paisagem e o terroir até os cultivares e estilos de produção. Enquanto há uma larga variedade de opções de chás, há também muitas submarcas dentro do grande leque do chá indiano. E, embora Darjeeling, Assam, os Nilgiris e Kangra sejam famosos por seus próprios méritos, também existem outras regiões onde o chá da Índia é cultivado.
Tomemos, por exemplo, a mais recente etiqueta de proteção geográfica concedida para chá na Índia- o chá Berinag. Berinag, no estado de Uttarakhand, já foi uma área famosa de cultivo de chá. Realmente, Uttarakhand, era ativo em experimentos com chá, já que a Companhia das Índias Orientais havia começado sua atividade de plantio em Saharanpur, com sementes trazidas da China. Quando em 1851, o famoso Robert Fortune, trouxe um carregamento de chá da China para a Índia, fez um tour pelas plantações de chá em Kumaon e Garhwal para ver como estavam progredindo. Embora a altitude elevada e o clima seco fossem considerados promissores, Kumaon sofria por ser colinas sem costa litorânea. Calcutá, como porto próximo, ficava muito longe. Hoje, Uttarakhand tem uma indústria de chá forte e crescente. Cerca de 1.500 hectares são cultivados com chá, com quatro fábricas estabelecidas pelo Uttarakhand Tea Development Board. A maior parte do chá desta região é cultivado por pequenos agricultores em uma espécie de modelo de cooperativa.
Outra área não tradicional com um passado mais antigo é Meghalaya -capital é Shillong. Shillong já foi capital de Assam e considerada pelos prospectores da Companhia das Índias, como adequada para o cultivo de chá. Contudo, o governante Khasi não gostava de migrantes trabalhando lá e não havia mão de obra suficiente no estado. Hoje, quase 2.000 hectares são cultivados com chá e há muitas propriedades pequenas e boutiques que produzem chás especiais e a granel.
Tripura é outro estado com uma história interessante. No reinado original de Tripura, as áreas de cultivo de chá que incluíam Sylhet ,tornaram-se parte de Bangladesh. Mesmo antes disso, o chá não chegou nesta região pela Companhia das Indias, mas sim através de indianos que se rebelaram contra. A “India Tea and Provisions” foi uma empresa fundada por PC Chatterjee, um nacionalista. A criação de Bangladesh cortou o acesso de Tripura à estação ferroviária, aumentando sua distância do resto da Índia.
Hoje, o chá é a segunda maior indústria de Tripura. São 53 jardins no estado e 21 fábricas. O modelo cooperativo também teve algum sucesso e existem cerca de 11 jardins cooperativos. O chá da Tripura é atualmente vendido a granel em leilões e usado em misturas. Quanto à empresa de PC Chatterjee, seu filho e neto continuaram seu legado sob a marca Luxmi Tea.
Se há um jardim que colocou Arunachal Pradesh no mapa do chá, é a propriedade de chá Donyi Polo de 42 hectares. Foi iniciado por Yadap Apang em 1985 e é dirigido por seu filho, Omak Apang. Donyi Polo foi pioneiro no estilo de especialidade de fazer chá aqui, ganhando preços recordes em leilões de chá e encontrando compradores entre os conhecedores de todo o mundo. Além de Donyi Polo, o estado tem mais de 25 fazendas de chá com quase dois mil pequenos produtores cultivando chá.
Outro estado, onde o chá agora é cultivado, é Bihar, criando raízes no distrito de Kishanganj. Como Darjeeling e Assam são geograficamente próximos, Bihar desfruta de uma influência interessante desses lugares. Enquanto o governo estadual tenta oferecer mais oportunidades econômicas para as pessoas, com o cultivo de chá, a Doke Tea tem sido uma espécie de pioneira. Iniciado em 1998, o chá é plantado em 25 de seus 40 acres. Este pequeno jardim produz chás enrolados à mão. Hoje, existem cerca de 4.000 hectares cultivados em Bihar, quase todos por pequenos agricultores e a maioria produtores de chá CTC.
O que é interessante é que as novas áreas de chá estão explorando modelos cooperativos, produção de especialidades, estilos artesanais. Alguns escolhem orgânicos como forma de cultivo, enquanto outros estão explorando ativamente práticas sustentáveis. Mas o mais importante é que eles estão adicionando novos capítulos à velha história do chá indiano.
Edição e Tradução livre : Elizeth R.S. v.d. Vorst
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