O chá, esta bebida universal, nos envolve com sua cultura ao redor do mundo. É isso que mais me cativa: história, povo, geografia, costumes, religião e as diversificadas maneiras de se preparar o chá.
E para entender melhor sobre o blend Le Touareg ou Tuareg, necessitamos saber mais sobre esta denominação e sobre o Marrocos, um país excêntrico, exuberante e onde o preparo do chá marroquino é feito com o chá verde Gunpowder e hortelã( Mentha Spicata).
Marrocos( Reino de Marrocos), está situado mais a noroeste da região do Magrebe do Norte da África, tendo o Mar Mediterrâneo ao norte e o Oceano Atlântico a oeste. Faz fronteira ao leste com a Argélia e ao sul com o Saara Ocidental. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, Marrakesh não é sua capital nem sua maior ou mais antiga cidade, e sim um centro cultural e turístico super visitado. Rabat é a capital e sua maior cidade é a famosa Casablanca. Fez é a cidade mais antiga.
Marrocos possui uma população aproximada de 37 milhões e sua religião oficial e predominante é o Islã. A língua oficial é o árabe e o berbere.
Marrocos também é o maior importador de chá verde do mundo( somente importador, ele não é produtor de chá). Calcula-se que 95% das suas importações vêm da China. Mas podemos dizer que outros países do Norte da África também são grandes importadores de chá verde.
A introdução do chá verde no Marrocos foi através da Rainha Anne da Inglaterra, em 1672, quando trouxe chá de presente aos emissários marroquinos. Entretanto, foi somente no século XX que o consumo de chá tornou-se tão importante para a cultura tradicional marroquina. Algo interessante é que grande parte da renda familiar é usada para beber chá e eles bebem tanto chá verde que dizem que metade dos seus corpos é composto de chá verde( e não é que eles estão certos!) O chá faz parte de todo um entretenimento a convidados e cerimônias ancestrais as quais podem ser apreciadas em várias regiões.
Após esta pequena introdução ao Marrocos, voltamos à denominação “Touareg” ou etimologicamente falando “tuareg” .
Diz-se que a palavra Tuareg é de origem árabe( ainda é contestada), mas precisamente refere-se a um membro do povo nômade do Saara central e ocidental e ao longo do meio do Níger, de Tombouctou à Nigéria. Os tuaregues fazem parte do grupo de pessoas berberes e são em grande parte muçulmanos. Os berberes vivem em comunidades espalhadas por Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Mali, Níger e Mauritânia, mas as duas maiores populações de berberes são encontradas na Argélia e no Marrocos. No Saara, no sul da Argélia e na Líbia, Mali e Níger, os tuaregues berberes somam mais de dois milhões. A língua é a berbere, Tamasheq, Tamajaque, Tamahaq, dependendo da região.
O cerimonial do chá para os tuaregues demonstra a hospitalidade e um pretexto para conversar com o visitante. Eles dizem que o chá é o amigo da conversa e é durante este ritual, que eles gostam de contar sobre suas histórias e lendas ao longo dos séculos.
O principal ingrediente é o chá verde chinês de boa qualidade para se obter um bom sabor. O ritual se desenrola em 3 fases. A primeira finaliza as refeições, depois sinaliza o cochilo da tarde e a última no final do dia. Tudo é preparado no seu tempo, sem pressa. O visitante deverá ser cordial e aceitar pelo menos uma vez o chá oferecido.
Há um provérbio tuaregue do chá citado por um jornalista ao The New York Times, o qual diz que a primeira dose é amarga como a vida( wan-iyen), ou seja o sabor amargo do chá verde chines, preferido do tuaregue, ainda não foi suficientemente diluído nos vários potes de água; a segunda dose é doce como o amor ( wan -ashin), pois mais açúcar foi adicionado e o chá perde seu vigor; a terceira dose é como o sopro da morte( wan-karad) o chá se torna leve, mais uma água açucarada, apropriada e apreciada pelas crianças.
O interessante de todo o ritual também são os acessórios. Um queimador de carvão, o bule, geralmente de metal azul, vai direto nas brasas para dali iniciar as várias etapas de infusão. A água fervente é derramada sobre um outro pote, já com as folhas de chá verde chinês ( principalmente o Gunpowder), o açúcar em abundância e depois artisticamente é jorrado em pequenos copos de vidro, com o bule bem acima da cabeça para criar a espuma, quase que um “mousse” sobre o licor do chá.
Seja através de um blend natural já pronto, como é o caso do nosso Le Touareg, ou de um chá conforme a tradição marroquina ou até no ritual dos tuaregues, é extremamente gratificante celebrar essas culturas, entendê-las e ganhar estas experiências, mesmo estando a milhares quilômetros de distância.
O chá, continuamente, nos proporciona essas viagens. Chá é cultura.